Estou sozinha aqui em meu trabalho e veio na mente uma conversa de hoje a noite com uma amiga. Nós falávamos de família e o quanto as pessoas podem se afastar umas das outras, sem precisar de um motivo aparente.
Quando era criança, eu tinha meus tios e primos muito mais próximos. Talvez porque eu não percebia a mesquinharia que rolava nos bastidores. A minha inocência de criança não dava espaço para ouvir uns falando dos outros. Hoje, cada um vive em um canto da cidade. A cordialidade existe, o amor também. Mas, para que isso continue se sustentando, percebi que é necessário o afastamento. A convivência desgasta e faz com que aconteçam as brigas.
Comecei a pensar nisso porque lembrei da intimidade que eu tinha com meu primo. Um amor de irmão que apagou. Éramos grudados, uma convivência maravilhosa, um carinho especial. O amor que tinha por ele é o mesmo que tenho pelo meu irmão. Só que está tão guardado dentro de mim que desconheço a intensidade.
Nós planejamos profissões, eu iria ser prefeita de Caxias e ele o vice, ou vice-versa. Ele iria jogar futebol e eu seria sua empresária. Quando fôssemos casar, eu seria a madrinha do seu casamento e ele o padrinho do meu. Assim seria quando tivéssemos filhos. Isso, muito provavelmente, não acontecerá.
Só estou escrevendo aqui porque sei que ele desconhece o blog. Caso contrário, daria a impressão de cobrança. É só um desabafo. E o pior de tudo isso é saber que há uma culpada para esse afastamento: A Vida.
Ela fez cada um seguir um caminho, cada um conhecer pessoas e seguir a vida de um jeito diferente. Os planos mudaram e a vida segue seu rumo para cada um de nós, um longe do outro. A gente se encontra por aí. No entando, não há mais confissões de adolescentes e nem promessas para o futuro. Eu sei, eu sinto e eu vejo que há somente um brilho no olhar, um brilho de saudade.
Quem sabe um dia, a própria Vida sinta-se deverás culpada e reaveja essa amizade. E quando isso acontecer, eu espero que ainda haja brasas para fazer reascender a amizade.